Bardana Planta

A Bardana ocupa um lugar destacado no vasto reino das plantas medicinais devido às suas propriedades terapêuticas e ao seu papel significativo na natureza e na história humana. Com suas folhas grandes e flores roxas que se agarram às roupas e ao pêlo dos animais, essa planta não só captura nossa atenção visualmente mas também guarda um tesouro de benefícios para a saúde, merecendo um olhar mais atento e um lugar especial em nosso arsenal natural de cuidados.

A bardana, de nome científico Arctium lappa, é uma planta robusta e bi-anual, facilmente reconhecível por suas grandes folhas verdes e cabeças de flores arredondadas, cobertas por ganchos que se prendem à passagem. Tradicionalmente, é valorizada por suas raízes carnudas e suas propriedades purificadoras, sendo utilizada em diversas culturas ao redor do mundo para tratar uma ampla gama de condições de saúde.

Taxonomia e Classificação Científica

• Nome científico: Arctium lappa
• Família: Asteraceae
• Gênero: Arctium
• Espécie: A. lappa
• Divisão: Magnoliophyta
• Classe: Magnoliopsida
• Ordem: Asterales

A classificação da bardana destaca sua posição dentro da família Asteraceae, a mesma das margaridas e girassóis, refletindo a diversidade e a importância ecológica dessa família de plantas.

Origem e Distribuição Geográfica

A origem da bardana (Arctium lappa) é frequentemente associada à Europa e à Ásia, onde tem sido cultivada e utilizada como planta medicinal e alimentar por milênios. Desde então, sua adaptação a diversos climas e solos permitiu que se espalhasse globalmente, sendo encontrada hoje em quase todas as partes do mundo, desde regiões temperadas até áreas subtropicais.

Por suas propriedades medicinais e culinárias, a bardana foi introduzida ao redor do mundo historicamente, tanto deliberadamente quanto acidentalmente, por meio do comércio e da movimentação humana. Essa distribuição global juntamente com suas propriedades benéficas, a tornaram uma planta valorizada em muitas culturas.

A bardana é mais do que uma simples planta; é uma fonte de saúde e bem-estar que transcende as fronteiras geográficas e culturais. A sua história é rica e sua distribuição, ampla, fazendo dela um tema interessante de estudo e utilização em práticas de saúde naturais em todo o mundo.

Etimologia e Nomenclatura

A origem do nome “bardana” vem do termo medieval latino “bardana”, que por sua vez pode ter derivado de “barba”, se referindo aos ganchos em forma de barba nas cabeças de suas flores, que se prendem à passagem. Essa característica distintiva da planta não só influenciou seu nome como também inspirou diversas nomenclaturas ao redor do mundo, refletindo a interação entre a planta e as pessoas ao longo da história.

Descrição Botânica

A bardana é uma planta bienal da família Asteraceae e pode crescer de um a dois metros de altura. No primeiro ano, desenvolve principalmente uma roseta de folhas grandes ao nível do solo, enquanto no segundo ano, produz um caule floral alto e robusto, culminando em sua característica inflorescência.

As folhas da Bardana são grandes, cordiformes (em forma de coração) ou ovais, de cor verde escuro na parte superior e mais claras na inferior, com uma textura levemente peluda. As folhas basais podem atingir até 50 cm de comprimento e são montadas em longos pecíolos. A disposição das folhas é alternada ao longo do caule.

A inflorescência da bardana surge no verão do segundo ano de crescimento. Consiste em capítulos globosos, com cerca de 2 a 5 cm de diâmetro, compostos por flores de cor roxa ou, raramente, brancas. Essas inflorescências são notáveis por suas brácteas envolventes, que possuem ganchos minúsculos, permitindo que se prendam à pele e à pelagem de animais, facilitando a dispersão das sementes.

Após a floração, a planta produz frutos secos, pequenos, contendo uma única semente, que são dispersos pelo mecanismo de aderência das inflorescências a animais. A reprodução se dá principalmente por sementes.

Embora a bardana tenha origem na Europa e na Ásia, ela foi introduzida e naturalizada em várias regiões do mundo, incluindo a América do Norte. Prefere os solos ricos e úmidos, frequentemente sendo encontrada em áreas perturbadas, margens de estradas, e terrenos baldios. A planta é resistente e se adapta facilmente a diferentes condições de cultivo, desde que haja umidade suficiente.

Outras Plantas que Podem Ser Confundidas

A bardana pode ser confundida com outras plantas de aparência similar, especialmente aquelas com grandes folhas ou flores roxas. Algumas das mais comuns incluem:

Cardo (gênero Cynara e outros): Muitas vezes confundido pela semelhança das flores, mas os cardos têm folhas e caules espinhosos.
Confrei (Symphytum officinale): Pode ser confundido devido à sua estrutura robusta e folhas grandes, mas suas flores são geralmente de cor púrpura claro a rosa, e não formam cabeças de semente arredondadas.
Dente de leão (Taraxacum officinale): Embora tenha flores e folhas bastante distintas quando observadas de perto, de longe, o dente de leão pode ser confundido com a bardana, especialmente quando não está florido. Ambas têm folhas grandes e verdes, mas as da bardana são geralmente mais ásperas e maiores.
Rumex obtusifolius (Língua de vaca): Com folhas grandes e uma estrutura robusta, a língua de vaca pode ser confundida com a bardana, especialmente antes da floração. Suas folhas, no entanto, tendem a ser mais pontiagudas e menos ásperas do que as da bardana.

Nomes Populares da Bardana Planta

A bardana é conhecida por uma vasta gama de nomes populares ao redor do mundo, refletindo sua ampla distribuição e utilização. Segue uma lista abrangente, incluindo nomenclaturas em diferentes regiões do Brasil e em outros idiomas:

• Baldrana;
• Bardana;
• Carrapicho de carneiro;
• Carrapicho grande;
• Erva dos tinhosos;
• Lappa;
• Orelha de gigante;
• Pegamassa;
• Rhubarbe du diable (francês);
• Tocaia grande;
• Gobo (japonês);
• Great burdock (inglês);
• Lampazo (espanhol).

Esta lista ilustra a diversidade de nomes pelos quais a bardana é conhecida, refletindo sua presença global e a variedade de culturas que a valorizam. Cada nome carrega consigo um pedaço da relação entre a planta e as pessoas, seja como alimento, remédio ou simplesmente como parte da paisagem natural.

Propriedades e Usos Medicinais

A bardana é rica em uma variedade de compostos bioativos, incluindo inulina, ácidos fenólicos, flavonoides e taninos. Esses componentes conferem à planta um potencial antioxidante, anti inflamatório, antibacteriano e diurético. A inulina, um tipo de fibra solúvel, promove a saúde digestiva e suporta o crescimento de bactérias benéficas no intestino.

Tradicionalmente, a bardana tem sido utilizada para tratar uma ampla gama de condições, incluindo problemas de pele, diabetes, e como um diurético. Pesquisas científicas modernas começaram a validar alguns desses usos, especialmente seu efeito benéfico na pele, como no tratamento de acne, e suas propriedades antioxidantes e anti inflamatórias.

Alguns dos principais benefícios conhecidos da Bardana Planta são:

• Ajudar na desintoxicação do corpo;
• Ajudar a lidar com problemas de pele como acne e eczema;
• Promover a saúde digestiva;
• Estimular a diurese;
• Reduzir a inflamação;
• Atuar como antioxidante;
• Auxiliar no controle do diabetes;
• Melhorar a saúde do fígado;
• Estimular o crescimento de cabelo;
• Fortalecer o sistema imunológico;
• Reduzir o colesterol.

Métodos de Preparo e Recomendações de Dosagem

A bardana pode ser preparada de diversas formas, incluindo chás, tinturas, e até mesmo consumida crua ou cozida, como alimento. Para o chá, recomenda-se utilizar de 1 a 2 colheres de chá de raiz seca para cada xícara de água fervente, deixando em infusão por cerca de 10 minutos. A dosagem típica para tinturas é de 2 a 4 ml, três vezes ao dia. Como alimento, a raiz da bardana pode ser cozida e consumida como qualquer outro vegetal de raiz.

Cuidados e Contra Indicações

Apesar de ser considerada segura para a maioria das pessoas, a bardana pode causar reações alérgicas em indivíduos sensíveis, especialmente àqueles alérgicos a plantas da família Asteraceae. É recomendado cautela para pessoas com histórico de alergias a plantas. Além disso, devido ao seu efeito diurético, pessoas com problemas renais devem consultar um profissional de saúde antes de consumi-la. Grávidas e lactantes devem evitar o uso de bardana, pois não há estudos suficientes que garantam sua segurança nesses casos.

As interações medicamentosas também merecem atenção, especialmente para aqueles que estão em tratamento para diabetes, pois a bardana pode potencializar o efeito de medicamentos hipoglicemiantes, aumentando o risco de hipoglicemia.

Em suma, a bardana é uma planta com uma rica tradição de uso medicinal, apoiada por evidências científicas emergentes. No entanto, como com qualquer remédio herbal, deve ser usada com conhecimento e precaução, respeitando as dosagens recomendadas e considerando possíveis contra indicações e interações medicamentosas.

Pesquisa e Curiosidades Históricas

A história das plantas medicinais é tão antiga quanto a própria humanidade, com suas aplicações e lendas se entrelaçando nas culturas ao redor do mundo. A bardana, por exemplo, tem uma rica história de uso tanto medicinal quanto místico. Na Europa medieval, era comum acreditar que a bardana poderia proteger contra a magia e os espíritos malignos. Essa crença levou muitas pessoas a carregarem consigo raízes de bardana ou a fixá-las nas portas de suas casas.

Na Ásia, particularmente no Japão, a bardana (conhecida como “gobô”) é valorizada não apenas por suas propriedades medicinais, mas também como um alimento nutritivo. Lendas japonesas sugerem que o consumo de bardana pode trazer força e longevidade, uma crença que se reflete na popularidade da planta na culinária japonesa.

Receitas e Aplicações Culinárias

Quando se trata de consumo, a parte mais utilizada da Bardana é a raiz, mas suas folhas e sementes também são comestíveis e oferecem benefícios para a saúde. A raiz de Bardana é conhecida por seu sabor terroso e levemente adocicado, com uma textura crocante que lembra a alcachofra, outro membro da família das Asteráceas. Este sabor único e agradável faz da Bardana um ingrediente versátil na cozinha, especialmente em pratos que buscam um toque rústico e nutritivo.

Chá de Bardana

Chá de Bardana, ótimo para a pele e prevenção de doenças, vídeo do canl do Youtube Minha Saúde – Curas Naturais

Raiz de Bardana Refogada (Kinpira Gobo)

Ingredientes:

• 2 raízes médias de Bardana, descascadas e cortadas em tiras finas
• 2 colheres (sopa) de óleo (gergelim)
• 2 colheres (sopa) de molho de soja ao natural
• 1 colher de sopa de açúcar mascavo
• 1 colher (chá) de vinagre (de arroz)
• 1 dente de alho picado
• 1 pedaço pequeno de gengibre fresco, ralado
• Cebolinha verde picada para decorar

Modo de Preparo:

Em uma frigideira grande, aqueça o óleo de gergelim em fogo médio. Adicione a Bardana e refogue por cerca de 5 minutos, até começar a amolecer.
Misture o molho de soja, o açúcar mascavo, o vinagre de arroz, o alho e o gengibre. Cozinhe por mais 5 minutos, até que a Bardana esteja bem cozida, mas ainda crocante. Sirva quente, decorado com cebolinha verde.

Salada de Bardana com Cenoura

Ingredientes:

• 1 raiz grande de Bardana, descascada e ralada em tiras finas
• 2 cenouras grandes, descascadas e raladas em tiras finas
• 2 colheres (sopa) de óleo (gergelim)
• 2 colheres (sopa) de vinagre (de arroz)
• 1 colher de sopa de mel
• 1 colher (sopa) de sementes de gergelim (torradas)
• Sal e pimenta do reino a gosto

Modo de Preparo:

Em uma tigela grande, misture a Bardana e a cenoura raladas.
Em outra tigela menor, misture óleo de gergelim, vinagre de arroz e mel, até que fiquem incorporados. Tempere com sal e pimenta.
Despeje o molho sobre a mistura de Bardana e cenoura, misturando bem. Antes de servir, deixe marinar na geladeira por pelo menos trinta minutos.
Antes de servir, polvilhe as sementes de gergelim torradas.

Dicas de Armazenamento

A raiz fresca de bardana deve ser guardada na geladeira, envolvida em papel toalha e dentro de um saco plástico, onde pode durar até duas semanas. A raiz seca deve ser armazenada em um recipiente hermeticamente fechado, em local fresco e seco.

Usos Alternativos e Aplicações Ornamentais

Além de suas propriedades medicinais e culinárias, a bardana pode ser utilizada como uma planta ornamental atraente em jardins. Suas grandes folhas verdes e flores roxas ou brancas, que se assemelham a pequenas esferas, podem adicionar um elemento visual interessante ao paisagismo.

Benefícios Ambientais e Seleção de Variedades Ornamentais

A bardana é conhecida por sua capacidade de melhorar a qualidade do solo, graças ao seu sistema radicular profundo que ajuda na aeração e na quebra de solos compactados. Além disso, suas flores ajudam a preservar a biodiversidade local atraindo polinizadores, como abelhas e borboletas.

Contribuições Ecológicas e para a Biodiversidade

Incorporar a bardana em jardins e paisagens, além de acrescentar beleza também pode contribuir para a saúde do ecossistema local. A presença da planta pode ajudar a sustentar uma ampla gama de polinizadores, o que é vital para a manutenção da biodiversidade e para a saúde dos jardins e culturas agrícolas próximas.

Dúvidas Frequentes sobre a Bardana Planta

1 – O que é a Bardana (Arctium lappa) e para que serve?

A Bardana é uma planta medicinal, tradicionalmente usada por suas propriedades depurativas, diuréticas, e anti inflamatórias. Serve para tratar problemas de pele, como acne e eczema, além de ajudar na desintoxicação do organismo e melhoria da digestão.

2 – Como identificar a planta Bardana?

A Bardana pode ser identificada por suas grandes folhas verdes, hastes robustas e flores roxas que se assemelham a pequenos ouriços. É bastante comum encontrá-la em terrenos baldios e nas beiras das estradas.

3 – Quais as partes da Bardana que são utilizadas?

Tanto as folhas quanto as raízes da Bardana são utilizadas para fins medicinais. As raízes são particularmente apreciadas por suas qualidades terapêuticas.

4 – Como posso usar a Bardana para tratar a acne?

A Bardana pode ser usada na forma de chá ou tintura para tratar a acne, graças às suas propriedades depurativas, que ajudam a limpar o sangue e reduzir inflamações. Aplicar o chá diretamente na pele também pode ajudar.

5 – É seguro consumir a Bardana durante a gravidez?

Não é recomendado o consumo de Bardana durante a gravidez sem orientação médica, pois não há estudos suficientes que garantam a sua segurança neste período.

6 – Como armazenar a raiz de Bardana?

A raiz de bardana deve ser guardada em um local fresco e seco, longe da luz solar direta. Se estiver fresca, pode ser mantida na geladeira em um saco plástico por alguns dias.

7 – A Bardana pode ajudar na perda de peso e no emagrecimento?

Embora a Bardana possa auxiliar na desintoxicação e tenha propriedades diuréticas, não há evidências científicas suficientes que comprovem sua eficácia na perda de peso de forma isolada. Uma dieta balanceada e exercícios físicos são recomendados para esse fim.

8 – Existem contra indicações para o uso da Bardana?

Sim, pessoas com alergia conhecida à planta, gestantes, lactantes e indivíduos com histórico de problemas renais ou cardíacos devem evitar o consumo de Bardana sem orientação médica. Os grupos vulneráveis, como crianças, idosos, portadores de doenças crônicas, pessoas que fazem uso de medicação contínua devem consultar um profissional de saúde antes de iniciar o uso da planta.

9 – A Bardana pode ser usada em receitas culinárias?

Sim, a raiz de Bardana é comestível e pode ser utilizada em diversas receitas culinárias. Seu uso é bastante comum na culinária asiática, podendo ser cozida, refogada ou consumida em saladas.

10. Existem pesquisas científicas que comprovem quais são os benefícios da bardana?

A bardana tem propriedades anti inflamatórias, antioxidantes e depurativas, segundo estudos preliminares. Mas uma conclusão definitiva requer mais estudos científicos.

Referências

Ernest Small (2011). Top 100 Exotic Food Plants (inglês). Editora CRC Press;

Joanne Jamie, Subramayam Vemulpad (2014). Recent Advances in Plant-Based, Traditional, and Natural Medicines (inglês). Editora Apple Academic Press;

T. K. Lim (2014). Edible Medicinal and Non Medicinal Plants Volume 9, Modified Stems, Roots, Bulbs (inglês). Editora Springer Netherlands;

Graeme Tobyn, Alison Denham, Midge Whitelegg (2016). The Western Herbal Tradition, 2000 Years of Medicinal Plant Knowledge (inglês). Editora Jessica Kingsley Publishers.