Barbatimão Planta

Conhecido popularmente como Barbatimão (Stryphnodendron adstringens), este arbusto nativo do Cerrado brasileiro se destaca não apenas pela sua beleza singular, mas principalmente pelas suas propriedades medicinais.
Barbatimão, ou Stryphnodendron adstringens, é um arbusto nativo do Cerrado brasileiro que é muito apreciado por suas propriedades medicinais, além de sua aparência única. Com uma casca de tonalidade acinzentada e flores de cor rosa a roxa que adicionam um toque de cor à paisagem, o barbatimão tem sido utilizado há séculos na medicina popular, especialmente no tratamento de feridas, cortes, hemorragias e na recuperação da pele. Além de seu uso medicinal, esta planta também é conhecida por sua aplicação em curtumes, devido ao alto teor de tanino presente em sua casca.

Taxonomia e Classificação Científica

  • Nome científico: Stryphnodendron adstringens
  • Família: Fabaceae
  • Gênero: Stryphnodendron
  • Espécie: S. adstringens
  • Divisão: Magnoliophyta
  • Classe: Magnoliopsida
  • Ordem: Fabales

A classificação do barbatimão o coloca dentro da família Fabaceae, a mesma das leguminosas, uma família conhecida por sua importância econômica e diversidade biológica. O gênero Stryphnodendron é caracterizado por espécies com propriedades adstringentes, daí o nome adstringens atribuído à espécie.

Origem e Distribuição Geográfica

O barbatimão é uma planta típica do Cerrado, o segundo maior bioma da América do Sul. A sua presença estende-se por várias regiões do Brasil, marcando forte presença nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e no Distrito Federal. Adaptado a condições de solo e clima característicos do Cerrado, o barbatimão é resistente a períodos de seca, contribuindo para a biodiversidade e equilíbrio ecológico do bioma.

Historicamente, o barbatimão foi usado em toda a América do Sul além do Brasil. Contudo, é no território brasileiro que essa planta encontra não só a sua maior expressão de uso em termos de medicina popular, mas também de estudos científicos voltados para a comprovação de suas propriedades terapêuticas.

Embora o barbatimão seja mais comum na América do Sul, sua propagação ao redor do mundo também envolve o cultivo e a preservação em outras áreas tropicais e subtropicais, onde as condições ambientais permitem o seu desenvolvimento. Essa expansão geográfica é motivada tanto pelo interesse em suas propriedades medicinais quanto pela sua potencial utilização em práticas sustentáveis de manejo ambiental e recuperação de solos degradados.

Etimologia e Nomenclatura

A origem do nome “barbatimão” provém do tupi guarani, onde “ba’ra timbó” significa “árvore que aperta”, referindo-se à propriedade adstringente da planta, uma característica marcante da sua casca. Essa propriedade é tão notória que influenciou diretamente a nomeação popular e científica da espécie Stryphnodendron adstringens, do grego “stryphno” (adstringente) e “dendron” (árvore), reforçando a identidade da planta como uma fonte natural de substâncias adstringentes.

Descrição Botânica

O barbatimão é um arbusto ou pequena árvore que pode atingir até 5 metros de altura.
O barbatimão é um arbusto ou pequena árvore que pode atingir até 5 metros de altura. Se caracteriza por uma casca grossa e fissurada, de cor acinzentada, e por folhas simples, alternas, de formato oblongo a lanceolado, com bordas inteiras. Suas flores são pequenas, de cor rosa a roxa, agrupadas em inflorescências. O fruto é um legume, tipo vagem, que contém várias sementes pequenas.

Este vegetal floresce principalmente durante a estação seca do Cerrado, adaptando-se bem a solos pobres e áreas degradadas. Essa capacidade de adaptação a condições adversas faz do barbatimão uma espécie resiliente e de grande interesse para recuperação de áreas degradadas.

Outras Plantas que Podem ser Confundidas

Embora o barbatimão tenha características distintas, pode ser confundido com outras espécies de aparência similar, como:

Jurema preta (Mimosa hostilis): Embora compartilhe o bioma Cerrado, possui flores brancas e é conhecida por suas propriedades enteógenas (que tem efeitos alteradores da consciência e da percepção).

Cajueiro (Anacardium occidentale): Diferente habitat e uso, mas com casca grossa que pode levar a confusões sem uma observação detalhada.

Angico (Anadenanthera colubrina): Também típica do Cerrado, com flores brancas a amareladas, mas com propriedades diferentes.

Nomes Populares

O barbatimão é conhecido por uma variedade de nomes em diferentes regiões, refletindo a riqueza cultural e a diversidade de usos em todo o Brasil e outras partes do mundo. Alguns dos nomes populares incluem:

  • Abaramotemo;
  • Barba de timão;
  • Barbatimão verdadeiro;
  • Borrãozinho roxo;
  • Casca da juventude;
  • Casca da mocidade;
  • Casca da virgindade;
  • Chorãozinho roxo;
  • Enche cangalha;
  • Faveiro;
  • Ibiratanha;
  • Ibatimô;
  • Paricarana;
  • Ubata timão;
  • Uabatimô;
  • Verna;
  • Inglês (English): Brazilian Senna;
  • Espanhol (Español): Barbatimão; Cáscara de la juventud;
  • Francês (Français): Barbatimao; Écorce de jeunesse.

Propriedades e Usos Medicinais

O barbatimão é rico em taninos, especialmente o tanino pirogalol, que é responsável por suas marcantes propriedades adstringentes. Além disso, contém flavonoides, saponinas, alcalóides e terpenoides, que contribuem para a sua ação antioxidante, antimicrobiana, anti-inflamatória e cicatrizante. Essa composição química diversificada confere ao barbatimão um potencial farmacológico considerável, sendo objeto de estudos científicos que buscam comprovar suas diversas aplicações terapêuticas.

Tradicionalmente, o barbatimão tem sido utilizado na medicina popular para o tratamento de feridas, cortes, hemorragias, infecções urinárias, inflamações ginecológicas, e como um poderoso cicatrizante. Nos últimos anos, estudos científicos começaram a investigar essas propriedades, encontrando evidências que suportam o uso do barbatimão como antimicrobiano, anti inflamatório, antioxidante, e especialmente na cicatrização de feridas e tratamento de afecções da pele.

Dentre os muitos benefícios conhecidos da planta, alguns deles são:

  • Ajudar na cicatrização de feridas;
  • Reduzir sangramentos;
  • Agir em problemas relacionados ao fígado;
  • Auxiliar na regulação do açúcar no sangue (diabetes);
  • Atuar como antimicrobiano;
  • Diminuir inflamações;
  • Reduzir o incômodo das dores de garganta;
  • Auxiliar no tratamento de gengivites, aftas e outras inflamações na boca;
  • Tratar afecções da pele, como eczemas e psoríase;
  • Aliviar problemas de hemorróidas;
  • Auxiliar no tratamento de infecções urinárias;
  • Ser útil em tratamentos ginecológicos, como inflamações e corrimentos;
  • Diminuir a probabilidade de câncer devido à sua ação antioxidante;
  • Amenizar sintomas de diarréia;
  • Auxiliar no tratamento de gastrites e úlceras, devido à sua ação cicatrizante no trato gastrointestinal.

Métodos de Preparo e Recomendações de Dosagem

O Barbatimão pode ser usado para fazer chás e infusões.
O Barbatimão pode ser usado para fazer chás e infusões, sendo utilizadas suas folhas ou as cascas do tronco para isso. Além disso, é produzido em também cápsulas.

Cuidados e Contra Indicações

O uso excessivo do barbatimão pode levar a constipação devido às suas propriedades adstringentes. É importante monitorar a reação individual ao uso desta planta, especialmente se houver consumo concomitante de medicamentos, pois pode haver interações desconhecidas.

Orientações Específicas para Grupos Vulneráveis

Mulheres grávidas e lactantes devem evitar o uso do barbatimão, dada a falta de estudos que garantam a segurança nesses períodos. Pessoas com histórico de doenças renais ou hepáticas também devem consultar um profissional de saúde antes de iniciar o uso.

Embora o barbatimão seja uma planta com múltiplos benefícios para a saúde, seu uso deve ser feito com conhecimento e precaução, sempre considerando a possibilidade de efeitos adversos e contra indicações.

Pesquisa e Curiosidades Históricas

O barbatimão, apesar de seu uso predominante na medicina tradicional, é envolto em uma aura de respeito e mistério em diversas culturas, especialmente entre os povos indígenas do brasil, que foram os primeiros a descobrir e explorar suas propriedades. Uma lenda tupi guarani narra que a árvore do barbatimão era considerada sagrada, capaz de unir e curar não apenas as feridas do corpo, mas também as do coração e da alma, simbolizando a união e a força da comunidade.

Em termos históricos, registros datam o uso do barbatimão pelos colonizadores portugueses no Brasil, que rapidamente aprenderam com os povos indígenas a utilizar a casca da árvore para tratar diversas enfermidades. É dito que os jesuítas incluíam o barbatimão em suas farmacopeias, levando o conhecimento sobre suas propriedades para outras partes do mundo.

Receitas e Aplicações Culinárias

Embora o barbatimão não seja comumente utilizado na culinária devido ao seu forte sabor adstringente, suas partes, especialmente a casca, são amplamente usadas na medicina tradicional. As formas mais comuns de consumo são através de chás e infusões, onde atua como um excelente remédio caseiro para inflamações da garganta, infecções urinárias e problemas de pele; tinturas, sendo usadas para tratar feridas, cortes e outros problemas de pele; e em banhos de assento, utilização tradicionalmente recomendada para tratar problemas ginecológicos, como inflamações e infecções.


Preparo de chá de Barbatimão Íncrivel, no canal do Youtube Rodrigo Moreira Nutricionista

Usos Alternativos e Aplicações Ornamentais

O barbatimão, com suas flores delicadas e aparência robusta, pode ser uma adição interessante a jardins e projetos de paisagismo, especialmente em regiões áridas e semiáridas, onde sua resistência à seca é uma vantagem. Além de sua beleza natural, atrai polinizadores como abelhas e borboletas, aumentando a biodiversidade local.

O plantio de barbatimão pode ser uma estratégia eficaz na recuperação de áreas degradadas, especialmente em regiões de cerrado, de onde é nativo. Sua capacidade de se adaptar a solos pobres e sua contribuição para a fixação de nitrogênio no solo são valiosas para a restauração ecológica.

Além de seus usos medicinais e ornamentais, o barbatimão desempenha um papel importante na conservação do solo e na recuperação de áreas degradadas, servindo como uma espécie pioneira que prepara o terreno para outras plantas.

Dúvidas Frequentes sobre o Barbatimão Planta

1 – O barbatimão é seguro para consumo diário?

O consumo do barbatimão, especialmente na forma de chá, é geralmente considerado seguro quando consumido em quantidades moderadas. Contudo, é aconselhável limitar o uso diário, pois o consumo excessivo ou prolongado pode levar a efeitos colaterais indesejáveis, como constipação intestinal.

2 – O barbatimão pode ser usado por qualquer pessoa?

Embora o barbatimão ofereça diversos benefícios para a saúde, pessoas em condições específicas, como mulheres grávidas, lactantes, crianças, idosos, e aqueles com doenças crônicas ou que fazem uso contínuo de medicamentos, devem proceder com cautela. A falta de estudos abrangentes sobre a segurança do barbatimão nesses grupos sugere a importância de uma consulta com profissional da saúde antes de iniciar o uso.

3 – Como armazenar a casca de barbatimão?

Para manter a integridade e eficácia das propriedades medicinais da casca de barbatimão, é indispensável armazená-la corretamente. Um local fresco, seco e protegido da luz direta e da umidade é ideal. Essas condições ajudam a prevenir a degradação dos compostos ativos da casca, garantindo que suas qualidades terapêuticas sejam preservadas por mais tempo.

5 – O barbatimão tem efeitos colaterais?

O uso do barbatimão é geralmente considerado seguro quando utilizado conforme recomendado. No entanto, devido às suas propriedades adstringentes, pode causar constipação em algumas pessoas, especialmente se consumido em excesso ou por um período prolongado. Indivíduos com histórico de problemas gastrointestinais devem usar o barbatimão com cautela e preferencialmente sob orientação médica.

6 – O barbatimão interage com algum medicamento?

Atualmente, há uma limitação de estudos detalhados sobre as interações do barbatimão com medicamentos. Portanto, antes de combinar o barbatimão com medicamentos, especialmente se estiver em tratamento para condições crônicas, é prudente consultar um profissional de saúde. Essa precaução ajuda a evitar possíveis interações negativas ou efeitos adversos.

7 – Qual a melhor forma de consumir barbatimão para problemas de pele?

Para tratar problemas de pele, a aplicação tópica da tintura de barbatimão ou o uso do chá para lavagens são os mais recomendados. Estes métodos permitem um contato direto com a área afetada, maximizando os benefícios das propriedades antimicrobianas e cicatrizantes do barbatimão. É importante seguir as instruções de preparo e aplicação para obter os melhores resultados.

8 – O barbatimão pode ajudar no tratamento de infecções urinárias?

Sim, o chá de barbatimão pode ser um coadjuvante no tratamento de infecções urinárias, graças às suas propriedades antimicrobianas e adstringentes. O consumo do chá pode ajudar a aliviar a inflamação e combater os microrganismos causadores da infecção. No entanto, é fundamental que seu uso seja acompanhado de orientação médica, especialmente em casos de infecções recorrentes ou graves.

9 – Existe alguma contraindicação para o uso do barbatimão?

Além das contraindicações para mulheres grávidas e lactantes, pessoas com constipação crônica ou com problemas gastrointestinais devem evitar o uso do barbatimão. A ação adstringente da planta pode agravar essas condições, levando a desconfortos adicionais. Sempre se recomenda uma avaliação médica antes de iniciar o uso do barbatimão nessas condições.

10 – Como preparar o chá de barbatimão?

Para preparar o chá de barbatimão, comece fervendo 1 litro de água. Adicione cerca de 1 colher de sopa de casca triturada à água fervente e deixe cozinhar por aproximadamente 10 minutos. Após este período, desligue o fogo e deixe a infusão descansar até atingir uma temperatura agradável para consumo. É importante coar o chá antes de bebê-lo, para remover as partículas da casca e garantir uma ingestão mais agradável e segura.

Referências

T. Pullaiah (2023). Bioactives and Pharmacology of Legumes (inglês). Editora Apple Academic Press;

Ulysses Paulino Albuquerque, Umesh Patil, Ákos Máthé (2018). Medicinal and Aromatic Plants of South America – Brazil (português). Editora Springer Netherlands;

Cláudia Maria Oliveira Simões, Eloir Paulo Schenkel, João Carlos Palazzo de Mello, Lilian Auler Mentz, Pedro Ros Petrovick (2016). Farmacognosia, Do Produto Natural ao Medicamento (português). Editora Artmed Editora.